domingo, 13 de abril de 2014

Regimes - todos são bons, nenhum adiantou

Eu fui uma pessoa que procurou de tudo pra emagrecer. Nunca fui complexada, sempre me vesti como quis, nunca me importei com a opinião dos outros em relação ao meu peso. Não deixava de me divertir por estar gorda. Sou divertida, criativa e adoro uma boa festa. Sempre me senti bem-amada. Mas no fundo eu achava que deveria emagrecer. Não pela estética, mas sempre me preocupei com a saúde, o futuro. 

Bem, procurei homeopatia. Muito lento, requer muita paciência, tem que ser muito disciplinada pra conseguir levar a dieta homeopática adiante. Desisti. Também porque meu médico era uma rolha de poço. Como que eu ía ter vontade de emagrecer se o médico era gordo??? Ah, fala sério, ninguém merece! 

Eu devia estar com uns 28 ou 29 anos e continuava engordando. Claro que às vezes eu emagrecia um pouco, engordava novamente... assim foi indo. Resolvi largar de ser professora e fui ser revisora de textos. Ganhava mais, era reconhecida. Fui trabalhar na Revista Imprensa por indicação de uma amiga que sinto muita saudade: Alessandra Vinhas. Também fui trabalhar na Revista The Gallery na mesma época por indicação do então namorado dela e meu amigão do peito, André Vargas, que hoje é marido da minha grande amiga Lilian Castilho. Eu trabalhei muitas vezes com ele depois disso... 

Esta foto foi tirada lá mesmo na Revista Imprensa pelo fotógrafo da Revista. Já estava bem gordinha, mas não tinha muito tempo pra me preocupar com isso. Comia errado, comia mal. Claro que só podia ir ganhando peso. 

Como tudo que é bom dura pouco, eu fui mandada embora de ambas as revistas. Então comecei a trabalhar na Assessoria do meu grande amigo até hoje Fernando Rocha.

Não tinha um cargo ao certo, comecei como arquivista, depois fui cuidando da parte financeira, ajudando em Assessoria de Imprensa... aprendi muito com Fernando. As coisas melhoravam financeiramente, eu já tinha um plano de saúde e tudo começava a ficar mais fácil. Eu era revisora de 2 publicações do Sebrae, ganhava bem, meu marido também. 

Nos indicaram um médico excelente, especialista em Reeducação Alimentar: Dr. Ricardo Marum. Só havia um problema, ele não atendia nenhum plano de assistência médica. Era caríssimo! Paralelo ao tratamento dele tinha o tratamento com uma nutricionista que atendia no mesmo consultório. 

Foi um tratamento espetacular. Lembro que cheguei lá com 106 quilos. Consegui emagrecer 16 quilos em uns 4 ou 5 meses. Sem sacrifício, comendo tudo o que eu gostava. Foi lá que aprendi que podemos fazer regime comendo somente coisas que gostamos. Sem sofrimento. 


Mas, nós não tínhamos dinheiro pra continuar o tratamento. Mais uma vez parei com a dieta. Nessa época eu estava com uns 30 anos mais ou menos. Nesse ano resolvi dar uma festa de 30 anos. Eu vivia inventando festas temáticas. O tema da minha festa de 30 era Bocas. A Cláudia bolou toda a decoração com bocas enormes feitas de isopor. Tudo era motivo de diversão. 

Nunca deixei de fazer alguma coisa por ser gorda. Sempre vivi plenamente.Com muita alegria e prazer em estar viva. Na foto abaixo eu e minha amigairmã Cláudia na casa dela. Eu, pra variar, fazendo uma palhaçada qualquer... 

Então, no ano de 1996 eu resolvi casar no civil. Refinanciei meu telefone no Balcão do Telefone (que naquela época valia uma grana), contratei uma empresa de churrasco, aluguei um salão e casei com direito a festa, padrinhos e presentes. Era meu segundo casamento com o mesmo marido. Todos achavam muito engraçado. Eu achava normal. Passava a me chamar Gisele da Silva Esteves Camargo Prado. Os dois últimos nomes por parte de marido. Pra mim, nunca teve tempo ruim. 

Eu devia estar com us 100 quilos no casamento. Daí em diante eu resolvi desencanar. Achava que a gordura não me incomodava, que eu era feliz como estava.

Quando eu estava com uns 28/29 anos, ainda por conta "daquela" anfetamina, eu comecei a sentir coisas estranhas. Era um medo injustificado, um medo imenso que me deixava petrificada, me tirava o sono, me faltava o ar... Procurei a Thaís, que fora terapeuta do Álvaro, e pedi florais. Eu sabia que precisava era de terapia. Então ela me indicou uma pessoa maravilhosa chamada Magdalena Boog. Não a procurei de imediato. Tinha receio de fazer terapia. Sei lá. Eu me perguntava "O que vou falar pra uma estranha? Não terei assunto!" 

Então o medo foi agravando, agravando e eu já não conseguia mais dormir. Por mais que o Álvaro me apoiasse, eu não tinha coragem pra continuar com a vida. Resolvi procurar a Magdalena. Quando cheguei lá, me lembro que desandei a falar sem parar, eu estava desesperada. Queria arrancar aquele medo do meu peito. Ela me passou muita confiança e me deu um vidro de florais. Eu não queria ficar dependente de drogas pesadas novamente. Comecei a tomar os florais de imediato. Meus sintomas foram diminuindo, diminuindo e eu já conseguia enxergar a vida melhor. Na foto à esquerda, a Madá. Minha terapeuta e amiga que amo!

Agora era a hora da segunda fase: por quê eu tinha medo? De quê? Era hora de começar com a terapia de verdade. Conhecer melhor a pessoa que eu era.

Passei por um longo tratamento, descobri quais eram meus traumas, continuei com os florais e fiquei com eles por muitos anos. Sempre que posso e preciso recorro aos florais. São de um poder inimaginável. A cura é rápida e indolor. Sem vícios maiores.

Me curei da Síndrome do Pânico. Meu caso serviu de ajuda pra muita gente, pois levei meu problema a um programa da Sílvia Poppovich, recebi ligações do Brasil inteiro de gente que queria saber como eu tinha me curado, com o quê.

De tudo, de tudo, o mais importante, sempre, é o apoio da família e dos amigos. Meu marido esteve comigo incondicionalmente em todos os momentos difíceis pelos quais eu passei. Minha mãe, meu pai e meu irmão sempre me compreenderam e me ouviram, me incentivaram ao tratamento. Síndrome do Pânico não é loucura e tem cura! Eu recebia telefonemas de mulheres que sofriam deste mesmo mal há anos e que não podiam sequer falar sobre o assunto com seus maridos, eles as proibiam de falar pra não ficarem piores! Loucura dos maridos!

Depois de estar bem da Síndrome do Pânico, continuei em tratamento com a Magdalena. Sempre foi muito produtivo nesta minha empreitada com a obesidade ficar na terapia. Fiquei enquanto pude. Os altos e baixos financeiros me tiraram mais uma vez de um tratamento.

Continuei por um tempo em sessões de graça, mas era muito longe e eu não podia tomar táxi toda vez que eu fosse pra terapia. Sim, porque tinha o problema de tomar ônibus. Eu tinha medo de entalar na catraca. É engraçado, né? Mas é verdade. Quando eu digo que o mundo não está e nem quer estar preparado para os gordos, este é um exemplo... Imaginem a cena: Eu entrando no ônibus na maior dificuldade, pois aqueles degraus são terríveis, e em seguida entalando na catraca. Uma cena Dantesca! Cada vez ia ficando mais difícil de me locomover, não conseguia ficar em pé por muito tempo, não conseguia fazer longas caminhadas... tudo começava a complicar...

Ui!... Descuidei!!!!

Quando casei pela segunda vez, estava morando na Rua França Carvalho, na Mooca. Eu tinha uma vida relativamente estável. A Fox (minha empresa e do Álvaro) funcionava nos fundos de casa e tínhamos colaboradores para as publicações que fazíamos: O Kai, O Fabiano, a Sandra. Até a Leonora chegou a trabalhar na Fox. Todo o serviço de revisão de texto era eu que fazia e alguma coisa de assessoria de imprensa eu também me arriscava. 

Trabalhávamos muito, viajávamos bastante também. Até tínhamos uma turma que conhecemos em 1994 em uma viagem que fizemos pra Fortaleza. A vida era difícil, mas divertida. Fui descuidando, desencanei desse papo de emegrecer. Eu estava muito cansada. Eu percebia que todos os regimes que eu fazia funcionavam bem nos 3 primeiros meses, depois eu não conseguia emagrecer mais. Mesmo comendo pouco. Sempre fui muito ansiosa, chocólatra. Muitas vezes enterrei o chifre em uma panela de brigadeiro... 

Quando eu estava em processo terapêutico, acompanhada por florais, eu conseguia controlar, mas a grana era pouca e eu desviava tudo pra comida. 

Eu devia estar com uns 116 quilos aos meus 31 anos. Não conseguia baixar mais! Era incrível! Fiz hidroginástica, natação, alongamento. Nada adiantava muito. Perdia uns quilinhos, mas em gente muito gorda nem dá pra perceber. Logo me desistimulava e recuperava sem dó nem piedade.

Estou grávida!!!

Aos 31 anos eu fiz uma viagem pra Maceió. Que lugar lindo! Fomos em 23 pessoas. Aqueles amigos que falei que sempre viajavam junto com a gente. 

Eu estava desconfiada, mas não tinha certeza. Achava que estava grávida. Me sentia diferente, enjôos, ânsia matinal, muita vontade de urinar... Sempre tive medo de engravidar por causa da obesidade, mas foi uma viagem maravilhosa. Eu devia pesar uns 120 quilos naquela ocasião. Eu e o Álvaro estávamos em Lua-de-mel!!!

Tudo teria sido perfeito se eu não tivesse contraído uma infecção intestinal. Quando voltei pra São Paulo eu estava muito mal e ainda não tinha certeza da gravidez. Era uma preocupação só: a infecção, a obesidade e a gravidez.

Fiz o exame e deu positivo. Eu estava grávida e muito feliz. O Álvaro nem se fala! Ficou muito animado com o fato de ser pai! Meus pais, meu irmão, toda a família e os amigos ficaram exultantes. Foi uma festa só! Comecei a ganhar roupinhas, brinquedinhos...

Queria ser uma grávida exemplar. Logo parei de fumar, cortei uma série de alimentos gordurosos. Fiz tudo o que o médico recomendou. Por causa da infecção intestinal eu tinha que fazer muito repouso e tomar muito gatorade. Enjoei de tanto tomar aquilo! Mas queria o melhor pro bebê... Voltei pra terapia só pensando em uma gestação saudável e tranqüila.

Assim que melhorei da infecção, tive uma gripe muito forte. Fiquei de repouso 2 meses, pois uma coisa emendou na outra!

Logo em seguida comecei a sentir cólicas muito fortes. Corremos no médico, ele me encaminhou para o ultrassom urgente... Não foi dessa vez que Deus permitiu que eu tivesse um bebê. Fui pra casa desolada. Eu e o Álvaro. Naquela noite eu tive contrações por 10 horas. Enfim perdi o bebê. Foi muito doloroso pra mim. Não queria falar com ninguém. Eu estava muito triste, não queria conversar e ainda hoje me vêm lágrimas aos olhos quando falo nesse assunto. Ainda é uma dor muito forte, mesmo 17 anos depois.

Fui me recuperando na medida do possível, toquei pra frente! Achei que quando Deus quisesse eu engravidaria novamente... Deus ainda não quis e agora já estou velha demais.

Daí eu relaxei... não me preocupava mais se estava engordando ou não... Eu me sentia bem, me gostava, tinha muitos amigos que não ligavam pra minha obesidade. Eu achei que isso bastava pra viver.

Por enquanto é isso...

Nenhum comentário:

Postar um comentário