sábado, 3 de maio de 2014

Eu por mim mesma – Parte V: Faculdades, minha segunda cicatriz e um Reencontro!

Entrei na faculdade com 17 anos, em 1983. Faculdade Ibero Americana, no curso de Tradutor-Intérprete. Lá estudei 2 anos e descobri minha paixão por Língua Portuguesa depois de ter aulas de latim com uma freira ferradíssima!

Minha sala na Ibero era enorme. Éramos 110 alunos e o professor tinha que dar aulas com microfone. A faculdade funcionava dos dois lados da Av. Brigadeiro Luís Antônio, 817. Hoje virou Faculdade Anhanguera.

Quando ingressei no curso de tradutor-intérprete nunca imaginei que deveria já saber inglês. Eu tinha apenas 17 anos e vinha de uma existência em que não havia essa coisa de curso extracurricular. Estudei a vida toda no estado, com alunos de classe baixa (a antiga classe C) e tudo era feito com muito sacrifício.

Meu irmão já tinha acabado a faculdade e foram 4 anos difíceis para os meus pais. Ele estudara na Escola Superior de Propaganda e Marketing e era muito cara. 

A Ibero também era uma faculdade cara e exigia ainda mais: eles exigiam que nós fizéssemos um bom curso de inglês paralelamente. Não, não poderia ser Fisk, CCAA, entre outros. Tinha que ser Alumni ou Cel Lep. Nada menos que isto... Não tinha grana pra tanto e acabei sendo deixada de lado. Meu inglês de ensino médio não foi o suficiente pra eu acompanhar a faculdade... 

Pertencia à Ibero a Álamo, que era responsável pelas legendas e dublagens de filmes. Lembram daquela voz no início dos filmes: “versão brasileira, Álamo, São Paulo”? Então, eram os alunos da Ibero que ajudavam nessa empreitada de fazer legendas para filmes. Por conta disso eu assisti Flash Dance umas 25 vezes...

O primeiro ano foi dificílimo e eu tomei pau em todas as matérias de inglês. Fui para o segundo ano carregando 3 DPs e foi quando descobri que inglês não era mesmo minha praia. Eu sofria muito, apesar de já ter aprendido muito e falar quase que fluentemente. 

Já estava conseguindo pensar em inglês, mas isto não era o bastante para encarar a Ibero e um professor carrasco de Cultura e Civilização Inglesa. Desisti.

Apesar de ter sido uma experiência quase que desastrosa, na Ibero conheci pessoas bacanas como a Iaraly Martinez com quem tenho contato até hoje. 

A Iara é aquela amiga que fica pra sempre em nossos corações. Tempo vai, tempo volta e estamos lá, ainda que distantes fisicamente, próximas de coração. Tenho uma foto com ela na minha formatura da PUC. Em breve colocarei aqui.

No meu grupo também estavam o Douglas Bom (o pai dele foi prefeito de São Bernardo), a Gislene Perez (na foto acima, a do meio) que faleceu alguns anos mais tarde, a Carla Maria Westphall (na foto acima, 1ª da esquerda) que andei procurando, mas não encontrei. Tinha a Alétea, a Cláudia (na foto acima, 1ª da direita), a Claudete (a 4ª da esquerda pra direita) e outras meninas que já não lembro os nomes... O tempo é implacável com nossas memórias. Jovens! Escrevam e guardem suas memórias em lugar seguro. A gente esquece tudo com o tempo. Infelizmente...

Em casa era um drama que se instalava: minha mãe achava que se eu parasse de estudar, jamais voltaria. Tranquei a Ibero e passei o ano de 1984 só trabalhando. 
Eu trabalhava em um consultório dentário com o Sérgio Luiz Di Sessa (foto acima) e o Gino Walbe Ornstein, com o qual tenho contato apenas por facebook. Eles acabaram se tornando mais do que patrões, viraram meus amigos e amigos dos meus familiares. Hoje mantenho contato com o Sérgio, que depois de casar veio morar em Santos. Ele é meu dentista e um irmão... Na foto acima, eu com o Sérgio na minha formatura em Logística aqui na Fatec de Santos.

Quando fui trabalhar, meu pai não queria. Dizia que filha dele não precisava trabalhar. Teimei e fui. No começo eu trabalhava apenas no período da tarde, pois pela manhã eu ia pra faculdade. Quando tranquei a Ibero passei a trabalhar período integral.

Então, em 1985 eu entrei na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP. Eu estava com 19 pra 20 anos e fui pra PUC porque era ainda a única faculdade que mantinha um curso de graduação específico de Língua Portuguesa.

Minha paixão era mesmo Língua Portuguesa e lá tive oportunidade de me especializar na área e ter aula só com os melhores!

A PUC tinha um sistema que era o Básico, em que todos os cursos se misturavam e tinham aulas juntos. O primeiro ano era composto pelo básico e apenas 2 disciplinas de específicas.

Na PUC eu fiz grandes amigas que levei pra sempre. Logo em 1985 eu conheci a Odelice que fazia Língua Inglesa e que era da turma do Básico comigo. A Odelice foi com quem mantive maior contato. Fui madrinha de casamento dela junto com nosso amigo Mário Líseas, que também era da nossa turma de básico. No básico eu, a Odelice e o Mário éramos inseparáveis... Saudade daqueles dois. O Mário manteve contato por um tempo, esteve quando minha mãe faleceu em 2002 e isso foi de suma importância para mim. A Odelice tem seus 2 filhos adultos e a vida nos leva mesmo por caminhos opostos...


Éramos jovens e cheias de vida... as 3 Marias... hahahaha
Bettina Bopp
Sumaya Abud
Gisele Esteves
Nas específicas eu conheci meus outros amigos que ficariam comigo até o final (se eu chegasse ao final com eles). A Sumaya, a Bettina, a Sílvia, o Otávio, a Eliana. Destes eu reatei contato com a Sílvia e a Sumaya, posteriormente com a Bettina. Isso foi em 1985 mesmo quase 30 anos depois, parece que nem um dia se passou!

Ainda quando cursávamos a Bettina casou e depois a Sumaya. Ou vice-versa, não lembro ao certo...

Nesta semana (de 28 a 30/04/2014) houve um Congresso de Língua Portuguesa na PUC e eu reencontrei a Sumaya. No último dia do congresso marcamos um café no shopping Pátio Higienópolis com a Bettina. Voltamos no tempo e rimos como se não houvesse passado nem um dia sequer. Não as via desde antes de a Sumaya ter sua filha mais nova que hoje está com 16 anos. A última vez que estivemos as 3 juntas (eu, Su e Bê) foi por volta de 1996.

O reencontro foi algo mágico pra nós três. Todas passamos por problemas e dificuldades sem precedentes, mas lá estávamos com quase 30 anos a menos rindo, brincando e lembrando das coisas do passado. Revisitar o passado é bom. Rever amigas tão queridas é melhor ainda. "O presente é tão grande, não nos afastemos, não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas"...


Na foto acima, a professora de Semântica Maria Inês Salgado, Nancy, eu e Sumaya.











O Congresso me levou de volta aos meus vinte e poucos anos... revi a Nancy, com quem estudei depois que a Sumaya e a Bettina já tinham ido embora da PUC e a Neusinha, que foi minha professora de Prática de ensino. Como disse, não fiz a faculdade no tempo regulamentar e acabei trancando por um ano e meio. Quando voltei a turma era outra e acabei conhecendo novas pessoas, como a Nancy Casagrande, a Marisa Tanesi, o Luiz (com o qual perdi contato) e a Patrícia de Castro, com quem ainda tenho contato. Hoje ela é doutora e trabalha na UEL, em Londrina. A Pat adotou um casal de irmãos e segue feliz por lá. Não a tenho visto, mas a saudade também é muito grande. Patrícia foi minha madrinha de casamento em 1992. 

Revi os corredores da PUC, as rampas intermináveis, o elevador que nunca chega, o pátio da cruz... uma viagem...

Voltando a 1986, eu estava no segundo ano da PUC e ingressei em uma escola para dar aulas no supletivo. O Colégio Anhembi foi meu primeiro emprego como professora de português e meus alunos eram mais velhos que eu... Foi quando aprendi português de verdade.

Aos 21 anos eu tinha seios enormes e estava com 63 quilos. Tinha dores horríveis nas costas e um afundamento nos ombros por causa da alça do sutiã. Passei por um cirurgião plástico do INSS e operei os seios. Surgia a minha segunda cicatriz... Era uma cicatriz do bem, pois eu finalmente teria seios normais para a minha idade...

Foram anos em que eu fiquei muito magra, mas logo começaria meu vai-e-vem de engorda e emagrece...


Minha vida universitária foi muito difícil, pois meu pai ficou desempregado e eu tive que me virar pra pagar uma faculdade que já era cara na época! Vendia bolo, sanduíche natural, Natura, roupas... trabalhei no xerox da faculdade, fiz estágio no Instituto de Pesquisas Linguísticas com a Sumaya e a Arlete em troca de mensalidade, enfim, me virava em mil e trabalhava simultaneamente. Trabalhava muito! Na foto acima, com minha turma de Magistério no colégio Anhembi em 1987.


Nesta semana de congresso também tive a oportunidade de rever a Arlete que já trabalha na PUC há quase 30 anos!

Olha nós 3 juntas novamente! Arlete, Sumaya e eu.


A PUC era uma faculdade um pouco diferente no que diz respeito à duração do curso. O tempo mínimo pra cursar é de 4 anos e o máximo 8 anos, porque você faz a faculdade por créditos, ou seja, você não paga um preço fechado e tem "x" matérias por semestre. Você se inscreve nas matérias que quer (existe uma ordem estipulada pela faculdade) e paga por disciplina. Eu me matriculava no número mínimo que era pra pagar menos de mensalidade. Sendo assim, fiz minha faculdade em 7 anos, dos quais 1 ano e meio fiquei com a matrícula trancada. Sete suados anos! Na foto, na minha formatura com a Patrícia de Castro e minha querida professora Neusinha!

Finalmente terminei a faculdade em dezembro de 1991.

Ainda viria uma longa novela até eu conseguir pegar meu diploma.

Para as minhas amigas Bettina e Sumaya:

Mãos dadas



Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.


Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.



Um comentário:

  1. Parabéns, Gi as pessoas não sabem o que passamos até chegarmos na sombra.

    ResponderExcluir