quarta-feira, 23 de abril de 2014

Eu por mim mesma – Parte I: A primeira infância

Gi Prado: Quem sou eu?


Meu nome é Gisele da Silva Esteves (de solteira) Camargo Prado (de casada).

Atualmente tenho 48 anos e sou casada com o homem da minha vida desde 11/07/1992, Álvaro Camargo Prado. Porém estamos juntos desde 24/09/1989. Quase Vinte e cinco anos! Gloriosos e adoráveis 25 anos!

Nasci dia 26 de Agosto de 1965, de 8 meses, com 49 cm, 3 kg e 800, às 11h10, no Hospital Nossa Senhora do Pari, em São Paulo. Filha de Adelmo e Conceição da Silva Esteves. Virgem com ascendente em Sagitário, Lua em Virgem, Escorpião na casa 12 e meio do céu em Leão. Meus primeiros anos foram marcados por uma grave bronquite que me acometeu quando eu tinha apenas um ano.

Eu era a filha mais nova do casal e nasci depois de muitas horas de sofrimento de minha mãe, que teve uma febre muito alta, entrou em estado de delírio e quase morreu. Mas no final deu tudo certo. Só uns traumas de parto que anos mais tarde viraram uma síndrome do pânico, mas esta é outra história.

Meu irmão, Gerson da Silva Esteves, tinha 4 anos quando eu nasci. No início ele ficou muito enciumado, mas foi acostumando (muitas vezes me perguntei se ele tinha mesmo se acostumado). Ao longo da vida brigamos muito. Coisas de irmãos...
Eu fui a 3ª gravidez de minha mãe, que perdeu um bebê antes de eu nascer. Dizem que por imperícia médica. À esquerda, minha mãe (Conceição da Silva Esteves)... linda demais!
Nascia em uma família muito grande e feliz. Meu pai era metalúrgico e minha mãe fora tecelã até meu irmão nascer. Agora era mãe, esposa e dona de casa. Morávamos na Mooca em uma residência coletiva, mais conhecida antigamente por "cortiço". À direita, acima, meu pai (Adelmo da Silva Esteves) com pinta de galã.


A 1ª casa que morei ficava em um quintal muito comprido, com muitas casas e muitas famílias morando. Bem lá no fundão ficava a casa dos proprietários. A minha casa era logo a 1ª: Um quarto e cozinha com banheiro externo. Eu tinha uma varanda que dividia com uma outra vizinha, a Maria. Lá no fundo tínhamos um quintalzinho e um portão que separava nossas casas das demais. Na frente eram casinhas menores e tinha banheiros para uso coletivo. Esta foto à esquerda foi tirada no murinho da nossa varanda. Gerson (bem no cantinho esquerdo, em pé Márcia e Marcos Ubeda, sentadas eu e Rita de Cássia Ubeda; à direita de nós, meu brinquedo favorito. Um gatinho que rolava uma bolinha. Já naquela época eu era apaixonada por gatos!

Quando tinha 1 ano eu tive uma bronco-pneumonia. Minha mãe me pegou com os lábios já roxos e me levou a um vizinho que era médico, no meio da noite. Corremos para o pronto-socorro e o médico disse a ela que se eu passasse daquela noite ficaria com alguma sequela grave. Fiquei com uma bronquite muito séria. 

Sofri muito com essa bronquite. Tinha crises horrorosas e muita falta de ar. Só não tinha nada na época das férias quando passávamos uns dias no litoral. Minha mãe fez de tudo, de tratamentos com vacinas importadas a simpatias. Até meu cabelo eles cortaram, como dá pra perceber no assassinato aos pelos capilares da foto ao lado... Aos 5 anos fiquei curada. Minha mãe nunca soube dizer o que realmente me curou. Nessa época o bairro da Mooca estava crescendo muito e a poluição também. Foi quando o médico disse que seria melhor mudarmos pra um bairro mais afastado e menos poluído.

Meu pai tinha uma condição financeira um pouco melhor então resolvemos procurar uma casa pra alugar. Mudamos pra Vila Ema, em uma casa novinha, só nossa, com quintal, jardim na frente, corredor lateral, sala grande, 2 quartos, banheiro e uma cozinha ampla. A foto à direita foi tirada na frente da nossa casa. Da esquerda pra direita: Minha mãe, minha avó Alícia (mãe do meu pai), minha avó Maria (mãe da minha mãe) e minha tia Alice (mãe da Rita).

O bairro estava começando, era quase todo sem asfalto, as crianças brincavam na rua, mas minha mãe não gostava muito que uma mocinha como eu ficasse na rua o dia todo.

Na mesma rua que morávamos, morava uma amiga de infância da minha mãe. Ela era cunhada de uma das irmãs dela, minha tia Maria José. Essa amiga, que eu passei a vida toda chamando de tia Cida, tinha também um casal de filhos que regulavam com minha idade e do meu irmão. O Jair e a Sueli. Eu fiquei amiga da Sueli, filha dela, com quem eu brincava muito. Minha mãe só deixava eu brincar na casa dela ou ela na minha casa. Na foto acima à esquerda, Sandra, Tia Maria José, minha mãe comigo no colo, meu pai e Gerson sentado). Nossa família era muito unida à família da tia Maria José. Aliás, desde solteiras, minha mãe e tia Maria eram unha e carne. Sempre viajávamos juntos, passávamos finais de semana na casa deles. A Sandra e nós dois éramos como irmãos.

Nossa criação era muito seca e presa. Apesar de sermos muito amados, não tínhamos dinheiro pra muitos luxos ou extravagâncias. Viajávamos sempre nas férias, ganhávamos bons presentes de Natal, mas sem muitos exageros! Refrigerante? Só nos finais de semana!

Na foto à direita, eu e meu grande companheiro tico-tico! Seríamos inseparáveis até uns 10 anos de idade. Ficou podre, coitado.

Mudei pra Vila Ema aos 5 anos, quase 6. Ainda não estava na escola, pois naquela época não era comum fazer Pré-primário. 

A casa que morávamos era muito gostosa, logo pudemos ter uma cachorrinha. O nome dela era Click. Era uma cadelinha SRD (sem raça definida), preta e branca e muito dócil. Ela tinha uma orelha branca e uma orelha preta. Minha mãe a condicionou de só comer se desse uma puxadinha em sua orelha. Se esquecíamos, ela ficava na frente do prato e não comia!

Algum tempo depois, quando eu já tinha 6 pra 7 anos meu pai sofreu um acidente bem feio na fábrica que ele trabalhava, a Bardella. Caiu de uma altura de uns 10 metros, de uma ponte-rolante. A sorte dele é que na queda esbarrou em algo que amorteceu um pouco o tombo. 

Em função disso ele teve o tornozelo inteiramente cortado, seu pé ficou preso apenas pelo “tendão de Aquiles”. Lembro-me direitinho do dia que um amigo do meu pai, o Hélio, veio na casa da minha avó Maria pra avisar a minha mãe. Não tinha telefone fácil naquela época. Acho que estávamos em janeiro ou fevereiro de 1972. Meu pai ficou 20 dias no hospital e passou por 4 cirurgias nesse período.

Ainda em 1972, com seis anos, entrei em uma escola do Estado chamada “Escola Estadual de Primeiro Grau Professora Zuleika Ferreira da Costa Aguiar”, na Vila Diva. Minha mãe costumava dizer que quando eu aprendesse a escrever o nome completo da escola já estaria alfabetizada.

Entrei na escola com 6 anos porque minha prima unha e carne Rita, que completava 7 anos em abril já tinha conseguido entrar na escola. Chorei por dias e dias porque eu só completaria 7 anos em agosto e teria que esperar mais um ano pra me matricular. Então, a santa da minha mãe correu todas as escolas da redondeza em busca de uma escola que me aceitasse com 6 anos. Foi quando ela descobriu que no Zuleika eles fariam uma sala experimental somente com crianças que completariam 7 anos no segundo semestre. Nem preciso dizer o quanto fiquei feliz.

Era uma escola de periferia e minha sala era bastante diferenciada. Por ser a única em toda a região que aceitava crianças de 6 anos, era uma sala muito heterogênea com crianças de todos os níveis sociais. O restante da escola era composto por alunos muito carentes. Nosso intervalo era em horário separado dos demais alunos da escola por causa da diferença nos nossos lanches. Alguns sequer tinham lanche...
Chegou meu 1º dia de aula e meu pai estava internado. Minha mãe foi me levar com o coração apertado e ao me ver entrar, foi embora chorando, achando que eu ia sentir falta, estranhar, sei lá. Acontece que eu entrei bela e faceira e nem olhei pra trás. Estava tão excitada que não cabia em mim!

No dia que meu pai voltou do hospital eu estava eufórica. Queria contar todas as novidades de uma só vez!

Minha cachorrinha tinha ficado tão triste com a ausência dele que adoeceu e morreu pouco depois de ele voltar. Nossa! Como eu chorei!

Um tempo depois uma vizinha nos deu um filhotinho de seu pastor-alemão. Ela era linda! Toda amarelinha. Seu nome era Tulipa. Eu a amava demais!!!

Enquanto isso, tudo corria bem, eu amava a escola e sentia-me importante.

Foram tempos maravilhosos e lembro o nome da minha 1ª professora até hoje: Dona Angelina. Ela fazia aniversário no mesmo dia que eu!

Na 1ª série fiz muitas amizades que duraram muito tempo. Uma delas foi o Onofre Crossi Filho, com quem tive contato durante um certo tempo, mas faz uns 20 anos que não sei nada dele. Depois ele separou-se de sua 1ª mulher e perdemos o contato. Sei que ele tem uma filha linda chamada Amanda. Conheci também a Míriam do Carmo Branco da Cunha, que era a minha melhor amiga! Não nos vemos acho que desde o ginásio... 

Hoje encontrei ambos no face. A Míriam falou comigo e me adicionou. Ainda não obtive resposta do Onofre. Fiquei feliz em encontrá-los. Eles estão com a mesma carinha do primário... Se eles deixarem, coloco a foto deles aqui.

Na 3ª série minha professora engravidou e eu troquei de professora umas 3 vezes. Aquilo foi péssimo, pois mal a gente se acostumava com uma e vinha outra. A que ficou até o final do ano chama-se Telma. Ela era uma peste! Ruim de doer!

Minha mãe sempre teve como hobbie escrever acrósticos, aqueles versos que cada linha começa com uma letra do nome da pessoa. Fazia pra todos da família.

Foi então que eu tive a brilhante ideia de fazer um acróstico pra minha querida professora. Era assim:

Telma é teu nome,

És adventista,

Lá na escola tu ensinas,

Malvada tu és.

Ah se eu não passar de ano!


Verdadeira obra de arte!

Nem preciso dizer que já nascia morta a minha promissora carreira de poetisa!

Mas havia senso de humor e uma pitada de cinismo na minha "santa ingenuidade" dos 9 anos de idade!

Quando eu estava na 4ª série meu pai foi trabalhar no período noturno. Ele já tinha carro e me buscava na escola. Depois da aula íamos pro curso de violão. Dois palhaços. Nunca conseguimos sair do dó, ré, mi e do Besta é tu!


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