domingo, 20 de abril de 2014

Redução de Estômago - O outro lado da moeda!

Problemas psiquiátricos são o "lado B" das cirurgias de redução do estômago e afetam 5% dos operados. Problemas como alcoolismo, bulimia e compulsão por compras são comuns após cirurgia

Depressão é "lado B" de redução de estômago 


Quem olha as fotos de "antes" e "depois" dos obesos acha impossível alguém se sentir infeliz após se livrar de tanto peso. Difícil não se sentir a Mulher Maravilha!!! As reportagens sobre a operação sempre destacam os casos de sucesso, de reviravolta na vida pessoal, resgate da auto-estima, melhora na saúde etc. Esse é de fato o resultado obtido pela maioria, depois de muito esforço e privação, mas 5% dos pacientes sofrem graves distúrbios psiquiátricos.

Com um prontuário de 1,70 m de altura, 180 kg, pressão alta, dificuldades respiratórias, desmaios repentinos, "quase explodindo" e infeliz, a microempresária Rosana Lasman, 39, submeteu-se à cirurgia de redução do estômago. Um ano e duas plásticas para eliminar as "pelancas" depois, prestes a usar seu primeiro biquíni, ela se viu com o peso desejado, 70 kg. E entrou em depressão.

"Para o gordo que opera, no começo tudo é lucro, mas depois você cai na real", alerta Rosana. Ela diz que há uma ilusão de que será fácil emagrecer, sem sofrimento. "Sentia vontade de comer uma travessa inteira de macarrão, mas não aguentava nem uma garfada, tinha saudade do passado. Quando a crise era muito brava, pensava: 'era melhor ser gorda'", conta a empresária, que disse adeus a carne, massas e doces e passou a tomar antidepressivos e tranquilizantes.

O drama de Rosana representa o "lado B", pouco conhecido, do pós-operatório das cirurgias de redução do estômago, cada vez mais utilizadas no combate à obesidade mórbida - em cinco anos, elas triplicaram e hoje, a fila de espera no Hospital das Clínicas é de quatro anos.

A maioria dos operados tem sucesso no objetivo principal - o de perder peso. Mas, segundo Carlos Haruo Arasaki, 40, coordenador das cirurgias de aparelho digestivo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), cerca de 5% dos pacientes manifesta algum grau de depressão após a cirurgia.

"Ela pode acarretar bulimia ou anorexia, compulsão por compras, doces ou sexo, alcoolismo, dependência de drogas, depressão e, no limite, tentativas de suicídio", afirma Dan Waitzberg, 52, professor de gastroenterologia e cirurgia digestiva da Faculdade de Medicina da USP.

Além de depressão, Rosana teve bulimia e compulsão por compras. Subia na balança de cinco em cinco minutos. "Com medo de engordar de novo, aprendi a vomitar, foi uma beleza. Cheguei a vomitar dez vezes durante uma refeição", lembra ela, que foi operada há quatro anos. "Gorda, comia escondida de madrugada. Quando emagreci, substituí o que gastava em comida por roupas, sapatos, cremes, perfumes."

A troca acontece porque o problema, segundo Waitzberg, começa "bem lá atrás". "O obeso mórbido substitui a falta de afeto e a ansiedade pela comida. Ele tem uma fixação pelo ato de comer, sua rotina gira em torno disso e, quando se submete à operação, fica privado de seu grande prazer." 

Mas não é só a relação com a comida que muda na vida do operado. "Mudam as relações sociais, muita coisa se estabelecia em função da obesidade. Você opera o corpo, mas não a cabeça, e alguns pacientes não conseguem suportar tantas mudanças", afirma o professor da USP.

Rosana admite sentir falta da atenção que recebia quando pesava 180 kg. "Quando você é gordo, parece um bebezão, todo mundo fica ao seu redor, fazendo tudo para você. Quando emagrece, fica igual a todo mundo. É duro", diz.

Hoje, Rosana, com a ajuda dos remédios, leva uma vida "praticamente normal". Cortou os cabelos, trocou o guarda-roupa, está namorando e pretende fazer mais três plásticas. "Mesmo com um corpo bonito, a autoestima não se recupera facilmente", alerta.

Sacrifício para quem comia "uma tonelada", passar a fazer refeições de no máximo 150 g não é fácil. "O que não pode é achar que a cirurgia é mágica. Eles emagrecerão porque não vão comer, e não por um processo mágico. É preciso ter consciência disso", diz Waitzberg. 

Não conseguir perder os quilos propostos, o que ocorre em cerca de 10% dos operados, também contribui para a depressão.

Psicólogo de plantão

No Brasil, onde 30% da população está acima do peso ideal e de 12% a 15% sofrem de obesidade mórbida, estima-se que o número de operações tenha mais que triplicado nos últimos cinco anos.
Segundo Marlene Monteiro da Silva, 50, psicóloga responsável pelo Grupo de Cirurgia da Obesidade Mórbida do Hospital das Clínicas de São Paulo, o período mais crítico é de um a dois anos após a operação. "Nessa fase, sentem que precisam enfrentar a vida e que não é porque emagreceram que vão arrumar um namorado ou um emprego melhor."

Marlene instituiu as reuniões entre obesos operados e os que desejam operar. "É um jeito de os primeiros relatarem aos outros como fica a vida depois da cirurgia", diz a psicóloga.

Ana Ruth Marcondes Martins, 30, dona de lanchonete em Guaratinguetá (SP), que amarrou o estômago há dois anos e meio, sente mais falta de carne, que agora só pode comer moída, e de arroz - não suporta mais do que uma garfada.

Festas e churrascos

"Eu fico estressada, quero comer, aí começo a pirar. Às vezes, eu preferia não ter feito a cirurgia. Principalmente em festas e churrascos: é uma tristeza. No máximo eu posso experimentar um naco de alguma coisa", diz Ana, que pesava 109 kg e hoje tem 55 kg e toma antidepressivos.

Ela conta que sente falta de acordar no meio da madrugada para assaltar a geladeira - religiosamente, fazia um prato cheio de arroz, feijão e bife, junto com refrigerante. "Não recomendo a cirurgia para quem gosta de comer bem", afirma. Seu marido, Benedito, 29, 109 kg, diz que a mulher "sofreu muito", e rechaça passar pela cirurgia.

"Imagina não poder mais comer uma picanha e tomar uma dúzia de cervejas toda noite? Eu morro. Como eu ia viver sem a minha churrasqueira?"

O PESO NA CABEÇA
Encantada com as novas formas de uma vizinha que tinha operado, a dona-de-casa Aparecida Meira Alves da Silva, 34, chegou até a engordar para poder fazer a cirurgia. "Eu estava com 102 kg e precisava chegar aos 107 kg. Fiquei comendo feito uma louca até conseguir", lembra.

Casada, quatro filhos, já com 57 kg (tem 1,68 m), ela ficou depressiva e passou a beber o dia inteiro. "Virei alcoólatra, comecei a vender pulseiras, anéis, qualquer coisa para comprar bebida. Eu indico essa cirurgia apenas para quem corre sério risco de morte. Fiquei com uma tristeza terrível, comecei a me achar feia porque emagreci demais", diz.

Aparecida tentou o suicídio duas vezes, até ser internada em uma clínica psiquiátrica. Hoje, toma antidepressivos. Para ela, o pior é o chamado "dumping", quando o operado não consegue mais comer doces (veja quadro abaixo). "Nem um bombom desce, eu vomito tudo, fico suando frio. Mas às vezes não aguento, aí 'roubo' um iogurte dos meninos da geladeira e fico passando mal depois", conta.

Ela diz que se arrependeu de ter feito a cirurgia. "Acho que era melhor ser gorda, eu era bem mais feliz. Antes eu era sossegada, comia de tudo, cuidava da minha família. Hoje vivo no médico, tomo vitaminas e remédios o dia inteiro e me engasgo se comer uma maçã."

Para reduzir essas dificuldades posteriores do "ex-gordo", os interessados devem passar por uma análise psicológica antes da operação. "A nossa função é explicar a realidade, dizer que os resultados podem ser maravilhosos, mas que é preciso sacrifício, dieta, privação", explica Marlene Monteiro da Silva, 50, psicóloga responsável pelo Grupo de Cirurgia da Obesidade Mórbida do Hospital das Clínicas. 


Estudos do HC mostram que 80% dos obesos mórbidos são mulheres, a maioria na faixa de 30 a 50 anos. "O obeso é uma pessoa com dificuldades na esfera psíquica, porque sente a carga de ser visto como alguém diferente, de não poder fazer certas coisas, de ter dificuldades no namoro", observa Arthur Garrido Jr., 63, professor da Faculdade de Medicina da USP e cirurgião do aparelho digestivo do hospital Albert Einstein.

"Em geral, eles comem como vício, compulsão, e depois da cirurgia precisam arrumar um substituto. Lembro de mulheres que nunca beberam na vida e que, por não poderem mais comer, viraram alcoólatras graves", explica o médico.

Para ele, o obeso também pode usar sua condição de gordo como desculpa. "Sem ela, a pessoa é obrigada a enfrentar dificuldades que antes não existiam ou ficavam escamoteadas, como o desafio da sexualidade, do trabalho, da competição. Nesses casos, é impossível aceitar bem a cirurgia." 

"Quem não tiver um bom acompanhamento psicológico depois da operação vai dançar", acredita a funcionária pública Samara Rita de Godoy Vieira, 28, que amarrou o estômago há quatro anos, pesando 160 kg. Um ano depois, teve depressão e bulimia - comia e forçava o vômito, e chegou a passar 50 dias sem comer nada, internada, só tomando soro. Nessa época, pesava 75 kg.

"Nunca achei que seria tão difícil, mas na verdade fui fazer a cirurgia mais pelos outros", lembra ela, que se casou no início de 2003. Depois da fase mais crítica da bulimia e de ter desenvolvido uma compulsão, Samara decidiu desfazer a operação, e retiraram seu anel de contenção do estômago. "Aí comecei a comer como antes. Tinha um apetite incontrolável. Fui para 115 kg", conta ela, que agora quer refazer a cirurgia "o mais rápido possível".

Apesar de todos os problemas, Samara acredita que dessa vez vai ser diferente. "Agora faço terapia, consigo controlar meus impulsos", diz.

Também contribui para um quadro depressivo quando o paciente não consegue perder todos os quilos propostos, o que ocorre com cerca de 10% do total de operados - normalmente por falta de atividade física ou abuso de doces, que "descem" mais facilmente do que outros alimentos, segundo Carlos Haruo Arasaki, 40, coordenador das cirurgias de aparelho digestivo da Unifesp. 

O ex-vendedor José Geraldo Bellon, 47, casado, que foi de 219 kg para 146 kg em dois anos e meio, também já viveu seus momentos de arrependimento pós-cirúrgico. "Tive muitas crises depressivas quando parei de emagrecer, porque meu peso estacionou e a meta era chegar aos 120 kg", conta.

Seu almoço invariavelmente consiste de uma colher de arroz, uma de feijão e meio ovo, que pode ser substituído por uma salsicha ou um pedaço "irrisório" de filé de frango. "Mas infelizmente, você descobre que pode comer errado. Doces e bolachas descem fácil", lamenta o ex-vendedor, para quem é uma "tortura ver os outros comendo".

A "tortura" o fez perder 73 kg, mas manteve o que o cirurgião Arasaki chama de "trauma da imagem". "Agora me acho mais feio do que antes, com essas pelancas, as assaduras nas dobras da pele que sobrou. Você começa a se culpar, achando que continua comendo demais. Aí come de menos, e passa a sentir fraqueza", diz. 

Geraldo conta que tem evitado sair de casa. "Se eu soubesse que seria assim, não faria de novo. Você deixa o seu grande prazer, que é comer, de lado, e não consegue emagrecer. Acho muito injusto, fico me perguntando por que deu errado." 

Para Rosana Lasman, o pior é quando "cai a ficha". "Pelo resto da vida, você não vai poder comer mais do que uma fatia de pizza, mas a sensação de fome é a mesma. Eu nunca mais terei o prazer de fazer uma refeição inteira. Sabe aquela coisa comum, de dizer 'Vamos bater uma feijoada?'. Eu tenho de escolher: uma garfada de feijão, uma de arroz ou uma de couve."

Carlos Haruo Arasaki, da Unifesp, explica que na cirurgia bem-sucedida o paciente não sente fome na mesma proporção de quando era um obeso mórbido. "Mas quando ele apresenta distúrbios psicológicos, pode sentir muita fome. A vontade descontrolada de comer está associada ao quadro depressivo e costuma ser domada com medicamentos que freiam a ansiedade", diz. 



Rosana Lasman, 39 
Profissão: microempresária
Estado civil: solteira 
Antes: 180 kg 
Depois: 70 kg 
Problemas pós-cirúrgicos: depressão, bulimia, compulsão por compras 

"Gorda, comia escondida de madrugada. Quando emagreci, substituí o que gastava em comida por roupas, sapatos, cremes, perfumes. Nem sei para onde foi o meu dinheiro. Você vai trocando de compulsão." 

Aparecida Meira da Silva, 34
Profissão: dona-de-casa
Estado civil: casada, quatro filhos
Antes: 107 kg
Depois: 57 kg
Problemas pós-cirúrgicos: depressão, alcoolismo, duas tentativas de suicídio

"Acho que era melhor ser gorda, eu era bem mais feliz. Antes eu era sossegada, comia de tudo, cuidava da minha família. Hoje vivo no médico, tomo remédios o dia inteiro e me engasgo se comer uma maçã."

Samara Rita de Godoy Vieira, 28
Profissão: funcionária pública
Estado civil: casada, sem filhos
Antes: 160 kg
Depois: 75 kg
Problemas pós-cirúrgicos: depressão, bulimia, desfez a cirurgia, voltou a 115 kg

"Nunca achei que seria tão difícil, eu sentia que estava perdendo a minha personalidade. As pessoas têm a ilusão de que a cirurgia é mágica, mas você opera o corpo, não a cabeça."

Ana Ruth Martins, 30
Profissão: dona de lanchonete
Estado civil: casada, um filho
Antes: 109 kg
Depois: 55 kg
Problemas pós-cirúrgicos: depressão

"Não recomendo a cirurgia para quem gosta de comer bem, é difícil se adaptar. Sinto falta de acordar no meio da madrugada para assaltar a geladeira."

José Geraldo Bellon, 47
Profissão: ex-vendedor
Estado civil: casado, sem filhos
Antes: 219 kg
Depois: 146 kg
Problemas pós-cirúrgicos: depressão

"Se eu soubesse que seria assim, não faria de novo. Você deixa o seu grande prazer, que é comer, de lado. É uma tortura ver os outros comendo." 

Fonte: Folha de São Paulo - Caderno Cotidiano

Morte após cirurgia para reduzir estômago acende alerta para riscos

Cirurgia bariátrica é considerada uma intervenção de grande porte. O paciente que se submeter ao procedimento necessita de acompanhamento médico para o resto da vida

Fabiana Glaglau faleceu aos 25 anos, em decorrência 
de complicações da cirurgia de redução do estômago.
(Foto: Arquivo Pessoal)
Entre os especialistas, o tema é tratado com precaução. Falar sobre os riscos da cirurgia bariátrica, conhecida popularmente como de “redução do estômago” ou “da obesidade”, causa certo desconforto. A justificativa mais comum, quase universal, é a de que “toda cirurgia tem risco”. 

“Até extrair unha encravada ou dente”, afirmou o cirurgião geral, especialista em cirurgia do aparelho digestivo, James Câmara de Andrade, se referindo às possíveis complicações decorrentes do procedimento.

Mas há um protocolo a ser seguido, explicou o médico. O paciente que deseja se submeter à cirurgia precisa ser assistido por uma equipe multidisciplinar, composta por um clínico, cirurgião, psiquiatra, endocrinologista e nutricionista.

Além disso, a cirurgia - considera uma intervenção de grande porte - é indicada para um pequeno grupo, cujo IMC (Índice de Massa Corpórea) esteja acima dos 35. Pela normatização da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica), apenas pacientes com idade entre 18 e 65 anos podem fazer a cirurgia.

Abaixo ou acima dessa faixa etária ou com IMC superior a 40, só com formalização do médico responsável, neste caso, um endocrinologista.

Riscos – Para o cirurgião, os riscos estão mais relacionados à conduta do que à cirurgia propriamente dita. Na maioria das vezes, declarou, as complicações ocorrem porque o paciente “não aderiu ao tratamento que se propôs”.

James Câmara explicou ainda que dos pacientes submetidos à cirurgia, menos de 10% continuam o acompanhamento regular junto ao médico. O erro está justamente aí. Alguns acreditam que quando se atinge o resultado esperado não será mais necessário continuar a visita aos consultórios e, com isso, acabam “relaxando”.

O tratamento, explicou, é para vida toda. “Se fizer tem resultado, se não fizer, não tem”, disse. “Cirurgia não combina com doce ou álcool”, completou, exemplificando.

Intercorrências cirúrgicas - O sucesso da operação depende também do esforço do paciente. Por isso, antes de entrar no centro cirúrgico, é necessário a assinatura de um termo de consentimento e conscientização.

Na clínica onde o médico trabalha, o documento em quatro páginas exige a assinatura do paciente, responsável e uma testemunha. No item que elenca os “riscos do tratamento proposto”, uma referência à literatura médica que traz uma série de complicações da cirurgia bariátrica.

Cirurgião afirma que menos de 10% dos pacientes 
continuam o acompanhamento regular após a cirurgia.
Entre as intercorrências cirúrgicas que podem ocorrer estão lesão no braço, lesões vasculares, lesões intestinais, hemorragias e complicações anestésicas. Nas intercorrências pós-operatórias, podem ocorrer infecções (de parede, intra-abdominal, pulmonar, etc.), pancreatite, gastrite, úlcera, hepatite, trombose venosa profunda, embolia pulmonar, fístulas digestivas, hérnias, alterações digestivas (vômitos, refluxo), obstrução gástrica, entre outros.

Mas o documento também avisa: “Os itens correspondem a complicações pertinentes a cirurgias de grande porte e não apenas com a cirurgia de obesidade”. “O índice mortalidade é em torno de 1,5%, o que pode variar de acordo com cada caso”, informa trecho do termo.

Por conta dos riscos são tomadas uma série de precauções antes da cirurgia. James Câmara afirma que o paciente deve ser submetido a uma bateria de exames.

Pós-operatório - No pós-operatório, a maior dificuldade, segundo o médico, é com relação à dieta. “Após a cirurgia é possível ocorrer carências nutricionais, vitamínicas, minerais e proteicas. [...] É importante lembrar que a pequena ingestão de alimentos pode levar a estados de mal estar, desânimo, paralisias, confusão mental, anemias, queda de cabelo, cegueira noturna, entre outros”, informa trechos do termo.

Há também a informação de que “após a cirurgia pode haver dificuldade na passagem de líquidos e/ou alimentos mais consistentes, do reservatório gástrico para o restante do tubo digestivo, sendo por vezes necessário realizar dilatação endoscópica (que apresenta seus próprios riscos). Em alguns casos pode ser necessária a intervenção cirúrgica para solução definitiva”.

De acordo com o cirurgião, o paciente que se submete à cirurgia bariátrica deve fazer uso de complementos vitamínicos.

Sem garantias – Na clínica onde o documento está disponível, o paciente que assinar o termo de consentimento para realização da cirurgia bariátrica (por videolaparoscopia) também entende que o tratamento assistido é por toda a vida.

O terceiro item do termo, intitulado “sem garantias”, informa ao paciente que “não há 100% de garantia” dos benefícios e que parte do sucesso dos resultados depende de esforço próprio. “A melhora ou até mesmo a cura do diabetes, hipertensão, fadiga, problemas respiratórios, entre outros, pode não ocorrer”.
Última foto de Fabiana com a mãe, momentos antes da
jovem entrar no centro cirúrgico. (Foto: Arquivo Pessoal)
Caso - A funcionária pública aposentada, Alda Glaglau, de 62 anos, conhece bem os riscos. Aos 25 anos, a filha, Fabiana Glaglau, resolveu fazer a cirurgia bariátrica, mas não chegou nem a receber alta.

Faleceu quatro semanas depois, em decorrência de complicações. “Ela procurou o meio mais rápido”, conta. Hoje, para a mãe, falar sobre o que aconteceu ainda é complicado. "Machuca muito", disse.

Fabiana sempre lutou contra a balança, mas nunca conseguiu emagrecer o quanto queria e, por isso, estava decidida a se submeter ao procedimento cirúrgico por videolaparoscopia. Na época, a jovem estava com 118 quilos.

Para mãe, Fabiana foi precipitada e não deu a devida atenção aos riscos da cirurgia. Queria mesmo era emagrecer.

Hoje, Alda conta que procura alertar os jovens que estão no mesmo caminho e decididos a se submeter ao procedimento. "Eu fico desesperada querendo ajudar", afirmou. “O problema está na cabeça e não no estômago, completou.

Para o cirurgião James Câmara, muito se fala dos riscos e pouco dos benefícios. Uma das primeiras orientações que procura repassar aos pacientes que atende, declarou, é evitar ouvir histórias que não deram certo. "A cirurgia não é mágica, é parte do tratamento", finalizou.
Fonte: Campo Grande News - 01/06/2012

É isso... 

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